VAMOS FALAR DE SEXUALIDADE FEMININA?
Nossa sexualidade influencia diretamente nossa saúde física e mental, afetando fatores orgânicos, emocionais e sociais.
Ao contrário do que senso comum dissemina, a genitália é apenas um dos seus aspectos, pois a nossa sexualidade nos remete ao modo como nos expressamos no mundo, nos relacionamos e nos identificamos, desde o nosso nascimento até a nossa morte.
A sexualidade feminina foi reprimida durante muito tempo, onde o corpo e o sexo eram lugares vedados, e à mulher era dado apenas o cumprimento da função reprodutiva, pois o sexo era moralmente condenável e pecaminoso.

Após a revolução sexual na década de 60, o sexo e a reprodução deixaram de estar vinculados com o surgimento dos anticoncepcionais e o feminismo adotou o lema “nosso corpo nos pertence” reivindicando o direito das mulheres aproveitarem sua sexualidade sem constrangimentos.
Apesar de estarmos no século XXI, a grande maioria das mulheres brasileiras desde que nascem ainda são educadas ‘para dentro’. São criadas para servir, para serem obedientes, casar, respeitar o marido, terem filhos, serem donas de casa, muitas ainda se sujeitam a um trabalho exaustivo, sem folgas ou reconhecimento.
As meninas, chamadas de princesas, devem ter bons modos e controle sobre sua vontade. Na adolescência, não são preparadas para a vida, mas sim para negar o prazer, cheio de culpa, censura e medo. Nesta fase, as questões sobre sexo geram constrangimentos e são respondidas de maneira incompleta, quando são ignoradas. Muitas mantem relações sexuais sem nenhum tipo de proteção, por temerem que os pais saibam que iniciaram a vida sexual. Se ela deseja algo mais, lhe vem inconsciente ou consciente a idéia de que não é certo.
Tanta repressão, regras, e exigências, chegam ao consultório na forma de comportamentos compulsivos, transtornos alimentares, disfunções sexuais como a perda de desejo sexual, vaginismo, dispaurenia (dor no ato sexual), aversão ao sexo, ausência de prazer...
O desconhecimento do seu próprio corpo e da sexualidade, problemas conjugais, pessoais e emocionais, interferem diretamente na qualidade de vida e na resposta sexual.
É preciso ter um olhar amplo, interdisciplinar, dos problemas relacionados à sexualidade humana.
A mulher muitas vezes deixa de buscar ajuda por conta de inibição, falta de conhecimento ou tabu.
O psicólogo pode intervir de maneira efetiva, promovendo uma melhor compreensão, esclarecendo e solucionando os problemas relacionados a patologias psicológicas.
Conhecer o próprio corpo, explorando, se olhando, se tocando, além de fazer o mesmo com o/a parceiro(a), garantindo uma intimidade saudável, é um excelente caminho para uma vida sexual saudável.